O arquiteto Raphael Wittmann, da Rawi Arquitetura + Design, explica detalhes sobre essa solução que garante a troca de ar e ressalta seus benefícios nos projetos
Com as temperaturas cada vez mais elevadas, a ventilação cruzada é uma estratégia eficaz e sustentável em busca de espaços mais agradáveis, reduzindo a necessidade do uso do ar-condicionado. “A ventilação cruzada se baseia no princípio de que o ar flui através de um cômodo, entrando por uma abertura e saindo por outra, geralmente oposta. Este processo promove a eliminação do ar quente e a entrada de ar fresco, criando um ambiente termicamente confortável”, esclarece o arquiteto Raphael Wittmann, à frente do escritório Rawi Arquitetura + Design.
O recurso arquitetônico pode ser aplicado em uma residência, e, também, em projetos corporativos ou industriais. Quando se pensa em uma casa, deve-se priorizar os locais de maior permanência, como as áreas sociais e quartos.
Nas palavras do arquiteto, existem algumas limitações para a adoção de elementos para a promoção da ventilação cruzada. “A posição da casa no terreno, a questão da envoltória dos vizinhos e, principalmente, nas grandes cidades, ausência de recuos laterais e posteriores nas residências são fatores restritivos. Mesmo nesses casos, existem alternativas que possibilitam estabelecer a troca de ar, por exemplo, pelo teto, como clarabóias ou sheds. É o que se chama de efeito chaminé”, exemplifica Raphael.
As janelas posicionadas em lados opostos são o método mais usual e funcional. O ar fresco entra por uma delas, normalmente mais baixa, e sai pela outra, que pode ser mais alta. Quanto mais altas as saídas do ar quente, alinhadas ao forro ou à laje, mais efetivas para evitar a formação de bolsões de ar quente na parte superior, já que o ar frio tende a descer e o quente a subir.
Nos apartamentos, nem sempre é possível promover a ventilação cruzada, segundo Raphael Wittmann, devido à arquitetura já pré-definida e pelo recurso não ter sido planejado no início do projeto. “Uma das principais questões atuais é o fechamento da sacada com vidros que, em muitos casos, não considera a passagem de ar e transforma o lugar em uma bolsa de ar quente, demandando pelo uso de ar-condicionado”, fala.
Aberturas sob os caixilhos para facilitar a entrada de ar fresco ou basculantes sobre as portas que separam os cômodos das áreas de convivência são meios para deixar os espaços mais agradáveis do ponto de vista da temperatura.
Brises, cobogós e aberturas nos telhados garantem arejamento e bem-estar
Quando é possível inserir a solução ao projeto desde a concepção, o arquiteto elenca as alternativas mais usuais e eficientes para adicionar frescor e dispensar o uso de aparelhos de ar-condicionado, visando a economia dos recursos naturais:
Átrios e pátios: a criação desses espaços abertos dentro das residências facilitam a circulação do ar e o arejamento. Por exemplo, quando o ar entra por um caixilho que dá para um quintal e sai por um outro caixilho que dá acesso a um pátio, se cria uma ventilação cruzada.
Brises: são elementos arquitetônicos vazados, móveis ou não, que possibilitam a troca de ar nos ambientes e controlam a luminosidade.
Clarabóias com ventilação: aberturas no teto ou laje para a entrada de iluminação natural que podem ter também ventilação e que, quando combinadas as aberturas inferiores, permitem a criação de ventilação cruzada e que o ar quente escape. Essa estratégia é útil na presença de pé-direito duplo.
Cobogós: esses elementos vazados, adotados em paredes e muros, consideram a passagem de ar, sem afetar a privacidade nas moradas.
Sheds com ventilação: são estruturas no telhado que promovem a entrada de luz e ar que funcionam como janelas altas, podem ser usados tanto para a captação de luminosidade quanto para a saída de ar quente. Quando combinados com janelas baixas, facilitam a ventilação cruzada.
Vãos altos: como o ar quente tende a subir, quando há vãos de caixilhos altos e posicionados próximos à altura da laje ou forro, pode ser evitado o acúmulo de ar quente na parte superior do ambiente.
Além disso, Raphael Wittmann esclarece que é possível empregar o conceito tanto interna quanto externamente, em uma construção. “Em uma região muito quente, a casa pode estar elevada do solo para a passagem de ventilação sob ela ou então por meio de um telhado suspenso, com um espaçamento entre a laje e o telhado, ventilando e melhorando o conforto térmico da edificação”, finaliza.
Sobre a Rawi Arquitetura + Design
Na Rawi Arquitetura, sob o comando do arquiteto Raphael Wittmann e com mais de uma década de atuação, buscamos conceber espaços que transcendem o convencional, onde a interação entre formas, vazios, percursos, texturas e cores é uma consequência da busca por experiências e memórias inesquecíveis.
Nosso trabalho diversificado abrange reformas, retrofits, interiores, decoração e projetos arquitetônicos, incluindo também orientações na escolha de terrenos ou imóveis. A nossa abordagem é uma fusão entre a cultura brasileira e a estética contemporânea, sempre sob uma perspectiva sensível e, ao mesmo tempo, crítica e inovadora. Utilizamos materiais na sua essência, elementos artesanais, cores e pré-existências em nossas composições.
Cada projeto é uma jornada personalizada, onde valorizamos a singularidade de cada cliente, com suas vivências e histórias. Fazemos um mergulho em suas experiências, memórias, estilo de vida, desejos e sonhos, conectando esses importantes ingredientes ao contexto do local e às exigências do conforto ambiental, sempre com foco na sustentabilidade e no uso racional de recursos e materiais.
Nossa missão é transformar a arquitetura em uma experiência poética e reveladora, que não atenda apenas às necessidades funcionais, mas também esteja conectada ao ambiente e ressoe com o ritmo pessoal e o contexto cultural de cada indivíduo. Com mais de 100 projetos residenciais e comerciais realizados em São Paulo e em outros estados, nossa equipe de arquitetos e designers de interiores é dedicada a proporcionar experiências únicas a cada cliente.
RAWI ARQUITETURA + DESIGN
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O post Ventilação Cruzada: saiba mais sobre esse recurso que resulta em ambientes arejados e saudáveis apareceu primeiro em Jornal do Planalto.